A mulher com cabeça de
lâmpada
segura a cabeça na
mão esquerda.
O braço direito há muito
que fugiu, a
pele acizentou-se
e os seios
ficaram à mostra.
Envergonhada, a
mulher virou costas
e irritou-se com a
poesia. Em
protesto, calcou
uma antologia de
2000 poemas rosados
e ficou assim
sentada à
janela de uma sala de estar
lisboeta
enquanto lá fora
o rio a ponte o sol e
alguns barcos
existem
e dentro da sala
dois miúdos comem
gaspacho
com oregãos.